Gostaria de obter uma explicação sobre o uso do véu, mencionado em I Coríntios 11:2-16.
Em I Coríntios 11:2-16, Paulo afirma que
“todo homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua
própria cabeça” (verso 4), ao passo que “toda mulher … Que ora ou
profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça” (verso 5).
Endossando o uso do véu pelas mulheres que oram ou profetizam, Paulo
estava em conformidade com o costume oriental (judaico e árabe) da
época. Mas ao afirmar que os homens não deveriam cobrir a cabeça em tais
circunstâncias, ele estava rompendo diretamente com a tradição judaica,
que ainda hoje continua ordenando o oposto.
Para
compreendermos essa distinção entre o homem e a mulher, quanto a cobrir
ou não a cabeça, devemos ter em mente, em primeiro lugar, que Paulo está
se referindo aqui ao véu como um “sinal de estar sob a autoridade
de outrem” (Leon Morris). Essa distinção baseava-se no princípio de que
Cristo é “o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher” (verso
3). Por conseguinte, se a mulher deixasse de usar o véu, ela
estaria assumindo uma atitude de desonrosa insubordinação para com o seu
marido. Por outro lado, se o homem passasse a cobrir a cabeça, ele
estaria negando “ser ele imagem e glória de Deus” (verso 7),
reconhecendo o senhorio de outra autoridade em sua vida.
Mas essa subordinação funcional da mulher
à autoridade do homem não pode ser isolada da declaração paulina de
igualdade essencial entre ambos os sexos. Nos versos 11 e 12, Paulo é
claro em asseverar: “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do
homem, nem o homem, independente da mulher. Porque, como provém a mulher
do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de
Deus”. Esse mesmo conceito de igualdade essencial é enunciado também em
Gálatas 3:28: “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus”.
As referências em I Coríntios 11:2-16 às
“tradições” (verso 2) e aos “costume[s]” (verso 16) parecem corroborar
a noção de que o uso litúrgico do véu era apenas uma norma cultural, em
harmonia com o estilo do vestuário cristão oriental da época, e não um
mandamento normativo para as demais culturas que não possuem tal
costume. Como cristãos, devemos romper apenas com os elementos de nossa
cultura que estejam em direta oposição aos princípios universais da
palavra de Deus. Exigir, ainda hoje, que as mulheres cubram a cabeça com
um véu ao adentrarem um templo ocidental é uma imposição legalística e
artificial.